terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma confissão...

Olá a todos

Para que me conheçam melhor, inauguro a minha postagem no blog com uma confissão: tenho horror de avião. Há mais alguém que disse isso na família Cortez, quem foi? Ainda no fórum, alguém disse que tem medo de avião, por isso não viria com a excursão Cortez ao Brasil. Pois deve ser algum gene recessivo, alguma coisa que vem escrita no código genético dos Cortez, e que se manifesta em alguns de nós. Eu compartilho o problema. Como se diz aí em Portugal? Aqui no Brasil diz-se: "tenho medo que me pelo", e há outras expressões mais habituais - horror, pânico, pavor, paúra, medão, cagaço (essa não é elegante, eu sei...). Enfim, vocês já entenderam. Mas, infelizmente, moro num país gigante e não há alternativa - tenho que voar. Da minha casa à da Filipa, da região sul para sudeste - mais de 1300 km. A capital financeira do Brasil, São Paulo, é perto, no Estado vizinho - 400 km. Outro dia fui a uma universidade em Natal - 4 horas de vôo. Então, vivo com medo, mas vivo em aviões.
O texto que vos mando a seguir foi escrito num e-mail para um grupo de amigos de muitos anos. Eles acompanham as minhas desventuras em aviões, eu sou quase famosa por essa característica. Uma amiga jornalista publicou-o. Está escrito em português do Brasil, mas não o adapto, mando-o tal como foi escrito aos meus amigos.

Beijinhos a todos,

Xaninha

Uma de avião...

Ainda dizem que homens não caem no nosso colo. Pois no meu, um quase caiu.
Literalmente.

Estava voltando do Rio de Janeiro para Curitiba, com a Lucélia. Aquele pavor básico de andar de avião, e ainda o ter passado recentemente por temporais, um quase acidente, atrasos de 20 horas conhecendo o chão de vários aeroportos, helicópteros que não têm contato com Congonhas e nos fazem arremeter a 100 metros da pista. Ando nervosa quando tiro o pé do chão. Ultimamente, até elevador me dá aflição. Acompanhada da Lú, e voltando de férias, estava quase tranquila. Já estávamos em Congonhas, um atraso de duas horas mas íamos sair, tudo bem.

Ao entrarmos no avião, a Lucélia me perguntou se queria ir à janela – claro que não, aquela janela redondinha não me deixa esquecer que estou num avião. Alguém já viu uma janelinha daquelas em qualquer outro lugar? Não, só em avião! Pois é, janela, nem pensar.

Acomodamos as bagagens, sentamos, ela à janela, eu ao meio. E nem reparei em quem tinha sentado ao meu lado esquerdo. Jogávamos conversa fora, devemos ter falado da Devassa, do Manoel & Juaquim, da Colombo no Forte de Copacabana, do show do Chico (ai...), da Tereza Cristina, do Carioca da Gema, dos passeios por Ipanema, do Bar Luís, do Jardim Botânico, da Polícia armada nas ruas, das exposições, dos encontros com a Adélia (outra amiga, jornalista, que cobria os desfiles de moda), da Biblioteca Nacional, da praia, do sol, do mar gelado. Foram uns dias movimentados e muito bons.

O avião decolou.

Antes mesmo do serviço de bordo, notei que o ocupante da poltrona “J” encostou-se no meu braço. Não foi uma encostadinha. Ele se apoiou. Olhei para o lado para ver se valia a pena reclamar ou suportar a encostada, mas o queixo do moço já batia no esterno. Era inútil qualquer reação, contra ou a favor. Ainda não babava, mas quase. Esse está cansado, pensei...

Procurando a rota (ou sei lá por que diabos o avião faz aquilo) o avião virou a asa direita para baixo. E lá vem o “J” para cima da “K” (eu)! Sorte que ele estava de cinto, não caiu em cima de mim. O avião voltou, ele se acomodou.

Lá ia ele, lá vinha ele. Acho que o meu magnetismo é tanto que o Belo Adormecido balançava feito um pêndulo – tentava escapar de mim, mas voltava. Pensei que na hora do lanche ele acordasse – nada! E nem quando recolheram os restos.

O vôo estava tranqüilo, mas ele continuava balançando perigosamente em direção a mim. Esse sujeito está de sacanagem, pensei ! Minha amiga, ao ver um mergulho particularmente perigoso em direção aos meus seios, desatou a rir. Ria tanto que chorou, pegou o lencinho para enxugar as lágrimas, nem conseguia falar. E eu, que não gosto de janelinha, quase cheguei lá passando por cima dela. Antes em cima de uma amiga acordada do que debaixo de um desconhecido dormindo, certo?

Usei a técnica do “cotovelo gentil”. Nada. A do “cotovelo não gentil”. Nenhuma reação. Empurrei com a mão. Ele foi. Mas voltou. Finalmente, desisti. Só mais alguns minutos e estaríamos no Afonso Penna. Até pousarmos, incrível, o avião só fez curvas para a direita. Ele vinha e não voltava mais. Fazia "nham, nham, nham" no meu ombro.

Se não fosse o cinto, outra vez, ele teria deitado no meio das minhas pernas... E minha amiga rindo, tanto que me contagiou, nem sei como ele não acordou com as nossas risadas. Graças pelo cinto de segurança, que deve ser para isso, para garantir a segurança do passageiro ao lado de adormecidos-quase-cadáveres.

Pousamos com toda a gentileza que os pilotos têm ao atirar um avião na pista. O homem acordou. Olhei para ele e ele me devolveu o olhar vazio de um desconhecido. Ingrato, depois de tanta intimidade...

Na saída, não perguntei, mas tive vontade:
– E aí, foi bom pra você?

9 comentários:

  1. Bravo! O Manel e a Belinha conseguiram um grande feito, que foi o de pôr a Xaninha a escrever no Blog (digamos que eu também tenho uma beirada de participação nisso, que a perturbo a toda a hora para ir ao Blog e ver os posts...). Olhem que ela escreve muito bem. Se isto pega, vocês ainda vão rir muito! Filipa Cortez.

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  2. Great!
    Quem escreve assim, para que precisa de aviões???
    Grande estreia no Blog!

    Um grande beijinho e, já agora, aceita-me como amigo no Facebook...! :-)

    Manel

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  3. 23.10.2009
    Medo de andar de avião? O Iphone salva-o!
    A Virgin lançou uma aplicação para o iPhone que ajuda a ultrapassar a fobia de voar. Até inclui um botão de pânico com exercícios de respiração. Clique para visitar o canal Life & Style. (www.expresso.pt)
    Está dentro de um avião e não consegue controlar o medo? É assaltado por suores, ansiedade, pânico e vontade de fugir dali a qualquer custo? Saiba que não está sozinho: em média, uma em cada três pessoas tem medo de voar. Mas a solução para o seu problema pode estar num simples iPhone. Quem o diz é a companhia aérea Virgin Atlantic Airways, que acabou de lançar uma aplicação que tem uma taxa de êxito contra a fobia de voar superior a 98%, assegura a companhia. Chama-se Virgin Atlantics Flying Without Fear e custa €3,99.
    A Virgin garante que a aplicação, disponível para os utilizadores de iPhone e iPod Touch, são uma fonte de informação, jogos e outras ideias que entretêm e ajudam a ultrapassar o medo dos aviões. Todos foram especialmente desenhados, em parceria com a empresa Mental Workout, para ajudar a ultrapassar esta fobia comum, ajudando os passageiros a distrair-se dos procedimentos da tripulação e dos barulhos da aeronave, evitando que percam o controle e entrem em pânico. A aplicação inclui um vídeo de como é um voo, perguntas frequentes, exercícios de relaxamento e um botão de pânico com exercícios de respiração.

    Desta forma, a companhia aérea pretende levar os benefícios do seu curso "Voar sem medo" a todas as pessoas que no mundo usam os telemóveis para melhorar as suas vidas, disse Richard Branson, presidente da empresa. "A aplicação tranquilizará muitos viajantes e permitirá prepararem-se para o seu primeiro voo com a Virgin", acrescentou o Branson.

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  4. Eu não te dizia, ainda ontem, Manuel, que a Xaninha tem imensa graça e humor?!
    Bravo prima, grande estreia!ADOREI!
    Bjos Belinha

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  5. Xaninha, eu acho que "cagaço" é a palavra que melhor define o medo de andar de avião.

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  6. Xaninha:
    Adorei a tua estreia no blog!!! Continua que vais muito bem. Esperamos novas hostórias!!!
    Sou eu aquela que não pode ir ao Brasil, pois tenho pânico de andar de avião. Não só de avião, mas tb de elevadores, locais com muita gente ou qq espaço onde me sinta presa, independentemente de serem pequenos ou grandes espaços!!! Reconheço que não me esforço muito para ultrapassar o problema! Paciência...
    Um beijinho grande
    Baita

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  7. Oi Baita, eu sabia que alguém tinha dito que não gostava de andar de avião! Vou mandar mais dessas histórias, tenho muitas. Quem sabe falando disso não passa?
    Manel, posso te aceitar no facebook, mas só lá entro para brincar de "farm town" com as minhas filhas. Nem perfil eu tenho. Não sei se vale o esforço de lá me teres como amiga :)
    Isabel, Manel e Filipa, vocês são culpados pela minha entrada no blog, agora me aguentem, tá bem?
    Xaninha

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  8. Xaninha
    Amiga, mesmo no Facebook, vale sempre o esforço...
    Bjns
    Manel

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