terça-feira, 29 de junho de 2010
29 de Junho, Espanha - Portugal
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Maria Joana Cortez da Cunha de Herédia de Almeida, Directora Comercial da Impression Portugal, no Festival de Cannes 2010
Palais des Festivals
De
Durante a semana passada, nesta cidade francesa, puderam ver-se os melhores anúncios do ano e o que melhor se faz no mundo para promover um produto ou uma ideia. O Festival Internacional de Publicidade olhou para a produção e criação na área de marketing desenvolvida por mais de 90 países. Já na sua 57ª edição, distribuiu os mais cobiçados troféus do meio: os Leões de ouro, prata e bronze.
“Este ano a produção da decoração exterior do Palais des Festivals e dos cartazes que encheram a Boulevard de
A Impression, pela segunda vez, teve também um ponto de encontro, na Plage Royal de Cannes, o "Tuga Beach”, para os delegados portugueses, iniciativa da responsabilidade da Directora Comercial, Maria Joana Cortez da Cunha de Herédia de Almeida. O “Tuga Beach” foi o local nesta praia, cuja concessão é de um casal português, o Mário e a Paula, onde quem quis poude tomar um café, deliciar-se com algumas iguarias portuguesas, descontrair, pôr a conversa em dia, soltar umas gargalhadas. Este ano os tugas puderam ainda vibrar com os jogos do Mundial.
Equipa portuguesa no Mundialito de Cannes
Foi também organizado um Mundialito na praia, em frente ao Palais, que contou com a participação de quatro equipas entre elas a portuguesa.
(1) in Pedro Durães, Meios e Publicidade, Decoração em Cannes (adaptado)
Bábá
Cortez Just Arrived!!! 28 de Junho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
Os cinco primos Herédia de Carcavelos e Los quatro primos Heredias de Garcia Lorca
Muerte de Antoñito El Camborio
A José Antonio Rubio Sacristán
Voces de muerte sonaron
cerca del Guadalquivir.
Voces antiguas que cercan
voz de clavel varonil.
Les clavó sobre las botas
mordiscos de jabalí.
En la lucha daba saltos
jabonados de delfín.
Bañó con sangre enemiga
su corbata carmesí,
pero eran cuatro puñales
y tuvo que sucumbir.
Cuando las estrella clavan
rejones al agua gris,
cuando los erales sueñan
verónicas de alhelí,
voces de muerte sonaron
cerca del Guadalquivir.
*
Antonio Torres Heredia.
Camborio de dura crin,
moreno de verde luna,
voz de clavel varonil:
¿Quién te ha quitado la vida
cerca del Guadalquivir?
Mis cuatro primos Heredias
Hijos de Benamejí.
Lo que en otros no envidiaban,
ya lo envidiaban en mí.
Zapatos color corinto,
medallones de marfil,
y este cutis amasado
con aceituna y jazmín.
¡Ay, Antoñito el Camborio,
digno de una Emperatriz!
Acuérdate de la Virgen
porque te vas a morir.
¡Ay Federico García,
llama a la guardia civil!
Ya mi talle se ha quebrado
como caña de maíz.
*
Tres golpes de sangre tuvo
y se murió de perfil.
Viva moneda que nunca
se volverá a repetir.
Un ángel marchoso pone
su cabeza en un cojín.
Otros de rubor cansado
encendieron un candil.
Y cuando los cuatro primos
llegan a Benamejí,
voces de muerte cesaron
cerca del Guadalquivir.
Bábá
sábado, 26 de junho de 2010
25 de Junho - Embaixada de Portugal no México!
Tere (na assistência ao lado de uma Senhora vestida de branco)
Joalharia Portuguesa
No âmbito do programa cultural da Embaixada de Portugal na Cidade do México, o Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa profere no próximo dia 25, às 18 horas, na Residência da Embaixada, uma palestra subordinada ao título A Festa da Cor na Joalharia Portuguesa
sexta-feira, 25 de junho de 2010
25 de Junho de 2010! PORTUGAL-BRASIL!
quarta-feira, 23 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
Vitória estrondosa de Portugal - 21 de Junho
Ninguém sabe até onde nos levarão os pontapés dos rapazes da nossa selecção mas os 7 a 0 à Coreia já cá cantam... Esperemos que haja muitos mais golos, momentos, horas felizes para estes tugas que andam tão cabisbaixos no dia a dia , ouvindo notícias tristes, deprimentes ... PEC... subida do IVA..."-Precisávamos disto..."
Cerca das treze horas da tarde, de ontem, estava em reunião de notas do 5º ano quando o meu colega João, professor de "Moral ", nos dá a feliz notícia do primeiro golo de Portugal. Finalmente podia exteriorizar o que me ia cá dentro, que nervos até aí ao pensar no jogo e sem nada saber... apenas ia dizendo as notas que atribuía a cada aluno.
- Golo do Raúl Meireles - disse o João que domina qualquer página da internet e que, durante toda a reunião, esteve sempre ligado a uma que ia dando o resultado do jogo,
Os olhares dos cerca de doze professores e de uma irmã brilharam e eu exclamei:
-Finalmente boas notícias, estava aqui com uns nervos, um aperto na barriga...
Alguns professores riram e troçaram de mim -Com dores de barriga!...
-Pois é, gente, vibro com o Mundial, com a selecção vejo todos os jogos do Mundial que posso...
A reunião acabou, estava-se no intervalo do jogo, nessa altura a Madre Teresa entrou n sala de reuniões para nos dizer o resultado do jogo, convencida que trazia uma grande novidade.
A hora do almoço foi um desassossego,não parávam de tocar os telemóveis, uma excitação, os filhos ligavam para as mães, mandavam mensagens com os os golos que iam sendo marcados...2, 3, 4...
Uma colega e eu acabamos rapidamente de almoçar, acho que não mastigámos, engolimos o almoço e voámos até a sala de convívio, ligámos a telavisão e ainda conseguimos ver os 3 últimos golos. Não dava para acreditar, em poucos minutos, o Liedsen, o Ronaldo (golo mais cómico!) e o Tiago ainda marcavam mais golos, os 3 últimos e fantásticos, maravilhosos, gloriosos. ..golos. Coreanos...nunca os vimos com os olhos tão em bico! Grande massacre português... Pior que tortura chinesa?
14.25, era altura de regressar à sala de reuniões pois o trabalho estava prestes a recomeçar...mas, felizmente para nós e muitos tugas que trabalharam neste dia, como o jogo era à hora do almoço ainda dera para saber, ver ...
15:00, e não é que a Madre Teresa, numa grande excitação, volta a entrar na sala de reuniões, interrompe-nos a reunião e diz, convencida mais uma vez que estava a dar um grande novidade :
- Ganhámos 7 a 0!- a balbúrdia chegara ao convento...
Ora bem, família Cortez,...os 7 já estão no papo ...a ver vamos o que o futuro nos reserva, e o futuro começa já na sexta quando jogarmos com o Brasil...
Beijinhos
Bábá
Encontre as 7 diferenças!...
No dia 18 de Junho fiz 61 anos. Não se deixem impressionar pela fotografia (a que foi posta na notícia dos meus anos). Eu sei que pareço um homem de 101 anos e com Alzheimer. Podem aqui ver uma fotografia que quero crer que está mais parecida com aquilo que eu sou (neste momento).
Muito obrigado a todos pelas mensagens de parabéns,
Beijos e Abraços.
Rodrigo Fragateiro
Maria em Carcavelos
Olá, Família Cortez
Adorei ler as últimas notícias mas gostava de saber os seus autores.
A da Maria , por exemplo, tão bem escrita, de quem é?
Estivemos com a Maria , na terça-feira da semana passada, em casa da Joana, e eu gostei muito.
Foi bom estar com a Maria, uma rapariga tão doce e simpática, e com grande parte da família.
Ouvimos relatar as andanças da Maria por terras suíças e lusas, histórias da família e claro houve muitas larachas. Vimos o jogo do Brasil , que ganhou à Coreia, mas não tão "estrondosamente" como Portugal. Tirámos fotografias para a posteridade e ainda brindámos com um belo vinho do Porto, de uma garrafa (do ano de nascimento da Maria) ofertada pelo Manel e que não podia viajar até ao Brasil. Temos pena mas sorte...a nossa!
E ficamos à espera de pelo menos uma foto deste dia. Pode ser?
Bábá
PS-Como afinal já estava uma foto de família dono blog juntei-a a esta mensagem.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Aposta
Eu e o Manuel Lopes acabamos de fazer uma aposta. Se o Brasil e Portugal se enfrentarem na final da Copa do Mundo, uma vitória de Portugal trá-lo a Curitiba e uma vitória do Brasil leva-me ao Porto. Que tal?
domingo, 20 de junho de 2010
JANTAR COM A MARIA EM CASA DO FILIPE
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Obrigado Maria!
A Família Cortez acaba de viver dez dias com um significado muito especial.
Em vésperas de regressar ao Brasil, a Maria trocou eventuais apelos de viagens pela Europa mais atractivos para a sua idade e veio até Portugal, num mergulho profundo nas suas raízes familiares.
Do que a Maria ficou a pensar, só ela própria se poderá pronunciar.
Mas, para a Família Cortez no seu todo, estes dez dias vieram dar um novo impulso a uma união entre pessoas do mesmo sangue espalhadas por quatro continentes.
O primeiro passo recente foi dado pela Belinha, ao promover o inesquecível Almoço da Família Cortez em Azeitão. Nessa altura, procurou fazer-se o “inventário” da Família, recolhendo nomes, moradas e contactos.
Do sem número de mensagens, telefonemas e conversas tidas para completar tal tarefa, foi-se-nos, em todos, interiorizando a grande perca de contactos familiares que o tempo e as vicissitudes da vida tinham instalado entre muitos de nós.
Nem era preciso falar no Brasil… Ente Lisboa e Porto já havia uma certa falta de “intimidade” familiar que, para muitos de nós, o almoço em Azeitão se encarregou de colmatar.
Mas com o Brasil a falha era mais complicada… Grande parte do clã brasileiro era pura e simplesmente desconhecido para uma parte já significativa da Família Cortez!
Isso já não acontece, hoje em dia, graças aos contactos recolhidos e aos posteriormente mantidos via www. Mas, costumamos dizer, sabia a pouco. Faltava um contacto pessoal que nos aproximasse mais.
E veio a Maria!
Esteve entre nós, viveu o nosso dia-a-dia, conviveu em nossas casas, mas também partilhou, em tão pouco tempo, de momentos para nós importantes: conheceu a decana da Família, a Tia-Bisavó Lourdes, logo no momento em que desembarcou em Portugal; assistiu ao lançamento de um livro do seu Tio-Bisavô Carlos; participou na festa de despedida da sua prima Vera, de partida para Madrid, numa nova etapa da sua vida profissional. Tudo isto – e muito mais – em apenas dez dias!
Todos gostamos da Maria e através dela reforçamos o que já sentíamos pela nossa família no Brasil. Com o seu calor e simpatia, aproximou-nos a todos um pouco mais.
Há, agora, que seguir o exemplo!
Sempre que puderem, venham até Portugal, serão bem-vindos! Se pudermos, faremos o mesmo em relação ao Brasil.
Mas, entretanto, não deixemos morrer o “espírito de Azeitão” e continuemos a estreitar os nossos contactos familiares via Blog, Facebook, e-mail, telefone ou outros meios tão fáceis de usar, para que não volte a desenvolver-se um afastamento semelhante ao que existiu até 2009. Este é um apelo também dirigido aos mais novos.
E tu, Maria, volta para o Brasil, onde te esperam com compreensíveis saudades, e conta o que viste e sentiste. Sê a nossa representante no Brasil e tenta que mais parentes nos venham conhecer.
Boa viagem, felicidades e obrigado pela visita!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Mais notícias da MARIA
Ontem a Maria passou o dia com a tia Isabelinha e o Tomás. Visitaram o Palácio de Queluz, a Quinta da Regaleira em Sintra e a exposição da pintora Paula Rego, em Cascais.
Hoje, almoçou com o Bola na Ericeira e depois foram até Mafra para visitar o Convento.
A Maria terminará o seu dia a jantar em casa da simpática prima Sofia Cabral.
Amanhã, de madrugada, vou deixá-la ao aeroporto para tomar o avião para a Suíça.
É uma companhia muito simpática! Vai deixar muitas saudades…
Belinha
quarta-feira, 16 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
14 de Junho de 2010 Maria Salviano em Lisboa
Foi longo o dia da Maria em Lisboa... Almoçou na Messe da Marinha, foi até à Graça no eléctrico 28, visitou a Sé, a Igreja de São Nicolau, subiu o elevador da Glória, esteve na Praça do Comércio, Rossio, Restauradores, Largo do Carmo, passeou no jardim Botânico, conheceu o Antiquário Jorge Welsh e a loja Poli da Rua da Escola Politécnica.
Prefácio in "Estudos de História da Pintura e da Gravura - Porto Junho 2010
Carlos da Silva Lopes (1904‑1978)
Perfil de um ‘homem bom’, historiador de arte e museólogo, culto e sempre generoso.
Vitor Serrão (Professor Catedrático de Letras da Universidade de Lisboa)
Em Abril de 1973, sendo ainda um jovem estudante universitário a iniciar-se nas lides da investigação artística, tive o privilégio de conhecer Carlos da Silva Lopes, em Braga, aquando do grande Congresso Internacional sobre Andre Soares e a Arte em Portugal no Seculo XVIII, organizado pelos saudosos Prof. Flávio Gonçalves e Dr. Robert Chester Smith (este na qualidade de presidente honorário) e que reuniu uma centena de grandes especialistas de vários países.
Tratou-se, sob todos os pontos de vista, de um evento científico de dimensão excepcional e dotado de uma estrutura organizativa que o país não conhecia, com franco debate teórico-metodológico e apresentação de resultados de pesquisa com grande alcance. Carlos da Silva Lopes apresentou nesse evento uma interessante comunicação sobre mobiliário português nos reinados de D. João V e D. José I, na sua maioria pertencente às colecções do Museu Nacional de Soares dos Reis, e que saiu publicada no 1º tomo das respectivas Actas (Bracara Augusta, vol. XXVII, nº 63, 1973, pp. 232-237).
Recordo bem como o conheci nesse congresso de Braga, depois de me ter sido apresentado pelos Profs. Flávio Gonçalves e Jorge Henrique Pais da Silva durante uma das visitas de estudo realizadas, e de atestar desde logo a sua larga sensibilidade, o seu fino trato, a sua disponibilidade para saber ouvir e para incentivar os mais novos na senda da História da Arte e da Museologia, terrenos que dominava com escrúpulo e solidez. Sabendo do meu interesse, que era o de aprendiz adolescente, pelo estudo da pintura maneirista nacional, elogiou o saber nesse domínio tão mal estimado quanto desconhecido por parte de Adriano de Gusmão (também presente) e falou-me com conhecimento de causa de umas velhas tábuas existentes na sacristia da igreja de Santa Clara do Porto, incentivando-me ao seu estudo. Recordo bem a sua presença de espírito, o seu humor, a sua vasta base de informação sobre o que no congresso se estava passando e sobre os benefícios que sentia estarem a abrir-se para a História da Arte portuguesa, carecida de estudos de base, inventários de existências, políticas de conservação, metodologias mais alargadas e visões artísticas melhor contextualizadas. Passei a seguir com atenção o seu trabalho e a descobrir o muito que escrevera, disperso por jornais e revistas da especialidade.
O Dr. Carlos da Silva Lopes era, sobretudo, um especialista no campo das chamadas (e em geral menorizadas) Artes Decorativas, com destaque para o mobiliário e as faianças, e também no campo da Gravura e da Heráldica.
Nesse encontro de há trinta e tantos anos, deixou-me, sobretudo, a impressão forte de que o estudo da História da Arte portuguesa se não deveria continuar a restringir à análise limitada e repetitiva das chamadas “obras-primas” e dos apregoados “grandes mestres”, como então genericamente se fazia, mas a alargar a sua esfera de estudos a novos campos de inusitado interesse.
O congresso de Flávio Gonçalves e de Smith trazia a todos a novidade das pesquisas renovadas sobre a talha retabular, a escultura sacra, a decoração brutesca, a arte do gravado, a arquitectura vernácula, a par do enfoque sobre os programas iconográficos das obras, e sentia-se que a História da Arte portuguesa atingia um patamar de viragem, bem necessária em termos de conhecimento das existências e bem mais atractiva em termos de novas metodologias e modos de ver… O congresso tivera a comunicação de José-Augusto França, por exemplo, com a sua dimensão sociológica da arte a afeiçoar a sua notável visão caracterizadora do fim do gosto barroco em Portugal, e essas eram, entre outras, motivações de debates que, entre acidez e serenidade, se cruzavam entre os presentes.
Recordo bem esse episódio que foi o encontro com um historiador de arte de créditos firmados em Braga no ano já longínquo de 1973 no momento em que é dada a estampa um volume de compilação dos textos dispersos de Carlos da Silva Lopes sobre Estudos de Historia da Pintura e da Gravura e em que a generosidade amiga do Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa me tornou o humilérrimo prefaciador desta colectânea. Devo dizer, antes de mais, que estes textos do eminente historiador de arte, museólogo e publicista não esgotam o trabalho por ele produzido, que se estendeu a outras esferas, desde a Arqueologia à Etnologia, à Literatura, à Heráldica, à Genealogia, e às questões da Conservação Patrimonial e da Museologia, com textos de fôlego saídos em revistas de arte, por exemplo, o Boletim do Museu Nacional de Arte Antiga, Bracara Augusta, Armas e Trofeus, Boletim Cultural da Povoa de Varzim, Revista de Arqueologia, Panorama, Apollo – The International Magazine of Art and Antiques, e na revista Museu, do Círculo Dr. José de Figueiredo, onde deixou vultosa colaboração ao longo de uma dezena de anos. Também escreveu na Enciclopedia Verbo uma série de “entradas” importantes e colaborou no livro O Porto e os Descobrimentos. Nunca deixou, entretanto, de escrever o seu Bricabraque no número dominical de O Primeiro de Janeiro, ao longo de mais de trezentos números, bem como artigos nas páginas do Diario Popular, onde manteve por algum tempo a coluna Reportagens da Historia.
Dotado de grande sensibilidade para o estudo das obras de arte e para as problemáticas da sua cabal conservação, exposição e fruição pública, Carlos Manuel da Penha e Costa da Silva Lopes foi um investigador atento, divulgador esclarecido, orador fluente e, sobretudo, um técnico-museólogo de vocação.
Nasceu em Lisboa a 7 de Maio de 1904, licenciou-se em Direito pela Faculdade de Letras de Lisboa e desde cedo serviu o Estado na qualidade de Subdelegado do procurador da República e de chefe de secção da Direcção-Geral da Fazenda Pública, mas a par dessas actividades alimentou sempre a paixão pela Arte e pela Museologia, num interesse que prevaleceu com tónus vocacional, levando-o a iniciar um estágio no Museu Nacional de Arte Antiga, ainda ao tempo da direcção do Dr. José de Figueiredo, o que possibilitou que vivesse de perto – sob a lição do Dr. José de Figueiredo e, logo a seguir, com o Dr. João Couto, novo e dinâmico responsável do MNAA – a experiência vanguardista das novas soluções de montagem de peças e do incentivo à sua fruição junto de largas camadas de público, que tornavam o MNAA, como aliás sempre reconhecia o Dr. Carlos da Silva Lopes, um caso ímpar no contexto de sucesso nos anos 40 e 50, equiparável a alguns dos grandes museus além-fronteiras.
Nesse tirocínio que foi o seu estágio para conservador de museus privou com Maria José de Mendonça, Augusto Cardoso Pinto, Manuel Cayolla Zagallo e outros museólogos de prestígio.
Tendo sido nomeado conservador-adjunto dos Museus Nacionais, veio a assumir tarefas de responsabilidade na Museologia nacional, sendo a partir de 1938 conservador do Palácio Nacional de Mafra até que, em finais de 1945, se viria a radicar no Porto, trabalhando aí junto a outro vulto grado da museografia portuguesa, o Dr. Manuel de Figueiredo, ao tempo o director do Museu Nacional de Soares dos Reis, em cuja equipa se integrou na sua qualidade de conservador-adjunto, chefiando também, ao mesmo tempo, os serviços do contencioso da Empresa Hidro-Eléctrica do Cavado. Numa notícia sobre a personalidade de Silva Lopes, o seu amigo Dr. Flórido de Vasconcelos lembra nas páginas de O Tripeiro (1977) a sua grande probidade humana, sendo dotado de uma personalidade humilde, o que originou uma existência dispersada por outras actividades profissionais que se viu obrigado a assumir, não deixando por isso de dedicar o melhor do seu trabalho à causa das artes; era, como escreveu, “senhor de uma memória invulgar, leitor infatigável, guardando um prodigioso acervo de apontamentos e notas, mantendo relações de amizade com os mais distintos historiadores da arte portuguesa da época, conhecendo ‘de visu’ as melhores colecções do país, era ainda dotado de uma aguda e educada sensibilidade que lhe permitia emitir opiniões sempre acertadas sobre questões controversas de datação, autoria, autenticidade, etc., de obras de arte, com uma espontaneidade que nos enchia de admiração”…
Fino e arguto crítico de arte, Carlos da Silva Lopes procurava manter viva a chama de um contacto que, sem deixar de ser especializado nem redutor, conquistasse largas camadas do público para os temas da Arquitectura, da Pintura, das Artes Decorativas, dos Museus, da Iconografia, da Heráldica, da Genealogia, e outros, como se observa na sua longa e diversificada colaboração nas páginas do Jornal O Primeiro de Janeiro, reunidos na famosa rubrica a que deu o título de Bricabraque. A sua multifacetada acção de museólogo e crítico levara-o a conquistar amigos como Vasco Valente, Manuel de Figueiredo, Carlos Lobo de Oliveira, António Rodrigues Cavalheiro, Eugénio da Cunha e Freitas, Adriano de Gusmão, Flávio Gonçalves, Russell Cortez, Flórido de Vasconcelos e muitos outros investigadores. Museólogo muito experimentado, desde cedo, no estágio para conservador que frequentou no Museu Nacional de Arte Antiga, esse saber permitiu que se impusesse, ao chegar ao Porto, na equipa do Dr. Manuel de Figueiredo no Museu Nacional de Soares dos Reis.
Passa a ser membro da redacção da prestigiada revista Museu, publicação do Círculo Dr. José de Figueiredo, colaborando amiúde nos seus números, desde o ano de 1963, com artigos de História e Crítica de Arte. É certo que não nos deixou um livro – mas sabe-se quanta dificuldade existia, nesses anos difíceis, para o fazer, para mais uma vida como a de Carlos da Silva Lopes onde a modéstia de recursos e a humildade assumida eram troncos de identidade…
As páginas que aqui se reúnem, fruto da colaboração dispersa em O Primeiro de Janeiro, mostram onde o seu escopro analítico se estendeu aos mais variados temas. Encontramos artigos de grande qualidade e fino estilo que tratam de matéria desde o Livro das Fortalezas de Duarte d’Armas à iconografia do Natal na arte portuguesa, à figura de Albrecht Dürer nas suas relações com os portugueses da feitoria de Antuérpia, à iluminura de heráldica, às representações de instrumentos musicais na pintura quinhentista nacional, à edição da Civitates Orbis Terrarum de Braun, aos cobres de pintura flamenga existentes no Museu Nacional de Soares dos Reis, à figura, personalidade e obra do gravador seiscentista João Baptista, ao cariz devocional das pinturas barrocas de Josefa de Óbidos, às pinturas do italiano Giuseppe Troni e do francês Nicolas Delerive realizadas aquando da sua estada em Portugal no século XVIII, à gravura de Bartolozzi, à miniatura de António Joaquim Santa Bárbara, à pintura de costumes populares, aos “registos” de santos e à estampa não erudita com temário hagiológico, aos “ex-votos” populares, às colecções de ex-líbris estudadas pelo grande etnógrafo poveiro Rocha Peixoto, a um balanço crítico da origem da litografia em Portugal, até às recordações artísticas sugeridas pelos terramotos e a temas mais genéricos de conservação e de musealização, sob o traço comum do sentido da educacao pela arte.
Um dos mais interessantes estudos de Carlos da Silva Lopes reunidos nesta colectânea de estudos será o que dedicou, em 1968, aos dois célebres quadros que representam a Aclamacao de D. Joao IV, ao tempo no Palácio da Independência e hoje no Palácio Ducal de Vila Viçosa, com uma profunda descrição dos seus vários sentidos narrativos, à luz da parenetização propagandística das obras de arte portuguesa no século XVII. E, é curioso acentuá-lo, muitos dos problemas colocados e analisados têm recorte actual, abrem ‘estados de questão’ que persistem incólumes, meio século passado… É pena que outros estudos não apareçam, como o que dedicou ao pintor genovês Giovan Battista Ponte, um pintor que no fim do século XVII veio a Lisboa executar o tecto da igreja de Nossa Senhora do Loreto (obra desaparecida) e que saiu em 1935 nas páginas da Revista de Arqueologia e que possibilitou que, muitos anos mais tarde, outros historiadores de arte seguissem a senda do esquecido artista e lhe definissem outras facetas do percurso, incluindo obras remanescentes… Mas compreendem-se os critérios: se o presente livro reunisse toda a colaboração dispersa do Dr. Carlos da Silva Lopes, alargando-o a outras temáticas que não a Gravura e a Pintura, aduzindo textos de catálogos de exposições, pareceres e relatórios emitidos na qualidade de conservador de Museu, textos sobre Heráldica, Genealogia, ou Arqueologia, etc., etc., não chegaria um só volume para albergar essa vasta produção.
A leitura deste livro abre os contornos da actividade de um ‘homem bom’ do século XX que serviu a História da Arte e a Museologia portuguesas consciente de que a sua renovação era um imperativo de cidadania e que, mais cedo ou tarde, seria uma experiência aplicada no terreno. O entusiasmo com que elogiava a novidade da museologia de Figueiredo ensaiada no MNAA e seguida depois por Couto nos anos 50 e 60 era também um entusiasmo de especialista nas difíceis tramas de expor, conservar e abrir à fruição, ou seja, de tornar os percursos museológicos verdadeiras lições de saber e marcantes exposições artísticas com sentido.
Homem simples e modesto, traços de uma personalidade sapiente que se preocupava de modo intenso com a salvaguarda do património nacional e com a formação artística das gerações mais novas, o Dr. Carlos da Silva Lopes foi um “homem bom, generoso e excepcionalmente culto”, como escreveu, em síntese sobre a sua existência, o Dr. Flórido de Vasconcelos. Em boa hora esta colectânea de dispersos vem colmatar uma lacuna que era também exigência dos meios histórico-artísticos a respeito de uma personalidade algo esquecida cujo legado científico constitui matéria de ensinamento imperecível.
Lisboa, Julho de 2006